A União Europeia tem já os seus planos para contrariar o afluxo de imigrantes no Mediterrâneo, prevendo uma série de ataques militares na Líbia para travar as redes de tráfico humano. Hoje, a alta representante para a Política Externa europeia, Federica Mogherini, estará na sede do Conselho de Segurança da ONU, em Nova Iorque, para explicar a operação e tentar obter um mandato ainda esta semana.
O Reino Unido está a elaborar a resolução do Conselho de Segurança que autoriza a missão, a qual propõe a “utilização de todos os meios para destruir o modelo de negócio dos traficantes”. Sob o comando italiano, a operação envolve seis países da UE, incluindo França e Espanha, além do Reino Unido e de Itália, mas espera-se que, nos próximos dias, vários outros se ofereçam para participar nela. A possibilidade de a NATO vir a ser arrastada para a operação foi sugerida por alguns decisores políticos em Bruxelas, isto porque as milícias líbias e os grupos jihadistas, alguns com ligações ao Estado Islâmico, estão muitas vezes por trás das redes de tráfico e, de acordo com os serviços de informação, têm artilharia pesada e baterias anti-aéreas junto à costa. Se as embarcações ou aeronaves da UE forem alvejadas, o mais certo é haver uma escalada no uso da força, com a aliança atlântica a ser envolvida.
Em 2011, a intervenção militar que viria a derrubar Muammar Kadafi e o seu regime foi iniciada por países europeus e, mais tarde, assumida pela NATO. O apoio militar às milícias líbias por parte dos países ocidentais desestabilizou a situação no país, o que viria a levar ao seu colapso, com os diversos grupos armados a entrarem em conflito pelo poder.
Entretanto, a Comissão Europeia prepara-se para revelar um novo “programa de imigração” na quarta-feira, o qual passa pelo estabelecimento de quotas na recepção dos refugiados e irá agravar as divisões no seio da União, tratando-se de uma proposta que a Alemanha quer implementar e a que o Reino Unido e alguns países do leste europeu se opõem firmemente.
“A UE necessita de um sistema permanente para definir a partilha de responsabilidade pelos grandes números de refugiados e requerentes de asilo entre os Estados-membros”, lê-se na proposta da Comissão, a que o “Guardian” teve acesso. Até ao final do ano, Bruxelas deverá agendar nova legislação “para um sistema de realocação automática para distribuir aqueles em clara necessidade de protecção internacional na UE quando um afluxo maciço ocorre”.
Alemanha e Suécia recebem quase metade dos requerentes de asilo na UE e Berlim prevê que o número, este ano, possa duplicar para cerca de 400 mil só no país – dois terços do número total de asilos concedidos pela UE no ano passado.
Fonte: iOnline